IJCA
- Como surgiu o amor pela leitura?
Liduina –Diria que, primeiro surgiu o “gosto”, não somente pela leitura como também pela literatura em si; um gosto que virou paixão. E
tomada por essa paixão, é que me veio o amor. Esse amor surgiu
através das respostas que as leituras dão às nossas perguntas, ou
que as perguntas provocam incenso às nossas respostas. É na
leitura, muitas vezes, que encontramos emoção, consolo, distração,
conhecimento sobre o mundo e sobre as pessoas, um amor que chega a
nos iluminar moralmente diante da cultura.
IJCA
-
Como foi a concepção do seu primeiro livro? O que queria falar,
como e para quem queria falar?
|
Professora e Escritora Liduina de Sousa |
Liduina
–
Talvez
logo no título do meu primeiro livro “Por
uma inquietude da minha mente”
chegue a ser denunciada a imortalidade da obra, uma concepção
propriamente dita. É que, muitas vezes, somos surpreendidos por
inquietações que a própria mente desconhece. E, no meu caso
particular, há ocasiões em que eu sucumbo a minha voz para dar vez
às letras no papel. Nesse livro, por exemplo, eu queria falar de mim
e para mim, embora o sentimento da minha inquietude transcendesse
outros horizontes. Eu queria entender os percalços da vida,
escrevendo. E aí a aproximação com a leitura e com a escrita
afortunou o fluir das minhas ideias e a velocidade do distintivo dos
meus escritos.
IJCA
-
Como foi a concepção da sua segunda obra literária?
Liduina
– Aí
é que me vem a obscuridade das respostas. Penso que, tomada pelas
angústias de trabalhar a linguagem dentro da coesão textual ou a
coesão textual dentro da linguagem, nas redações escolares, acabei
me deparando com os entraves de ambiguidade, eco, tautologia, frases
truncadas, incompletude do pensamento lógico, incoesão e
incoerência. Foi aí que me veio a ideia de escrever algo a respeito
desses desvios da linguagem. Assim o fiz, e surgiu, então, a minha
segunda obra literária intitulada: “Coesão
textual numa confusão de caso a caos”,
pautada na linha da
pesquisa e voltada paulatinamente para o contexto escolar.
IJCA- Qual o melhor momento para escrever? Cenário e ambiente contam
muito?
Liduina
– Depende
muito do que você vai escrever. Em se tratando da minha pessoa, vejo
que há momentos em que a inspiração me vem com maior fluência,
quando estou triste, eis a subjetividade das minhas literaturas (o eu
lírico fala por mim). Porém, quando preciso engatar os meus
escritos na linha da pesquisa ou quando tenho que dar uma resposta ao
mundo científico na imperiosa expressão das ideias, eis aí a
objetividade nas páginas. O cenário e o ambiente, às vezes contam;
outras vezes, atrapalham. Afinal, tudo isso é muito subjetivo,
penso.
IJCA
- O que lhe inspira a escrever?
Liduina
– Há
uma gota de inspiração em cada traço da vida (pessoas, natureza e
os próprios sentimentos).
IJCA
-
Sua literatura recebe influência direta de algum autor?
Liduina
– Sim,
da grande escritora Clarice Lispector. Nas suas Literaturas, ela diz:
“Enquanto tiver perguntas e não houver respostas, eu continuarei a
escrever”. Assim também o faço, sem esforço e nem sacrifício,
porque gosto de estar presente nos pensamentos que me invadem a alma.
Inclusive, conversando comigo (em silêncio) digo: mesmo que as
pessoas, passando apressadas pela vida, não prestem atenção no que
eu escrevo, ainda assim continuo a escrever, com a certeza de que a
maior assertiva é valorizar as palavras no papel.
IJCA – Suas considerações
finais
Liduina
– Agradeço a
oportunidade ao Informativo José Correia e fecho minhas palavras,
concordando com o cantor e compositor Caetano Veloso, quando diz:
“Livros são objetos transcendentes, mas podemos amá-los do amor
tátil... e, simplesmente, escrever um; encher de vãs palavras
muitas páginas e de mais confusões nas prateleiras. Tenhamos, pois,
todos nós o gosto pela leitura e pelos livros.