terça-feira, 23 de abril de 2013

PEQUENA HISTÓRIA DO JORNAL ESCOLAR

Alguns jornalistas, sofrendo da mania da exegese, esforçaram-se por
encontrar na história da pedagogia exemplos precedentes que retirassem
à nossa iniciativa as vantagens, morais pelo menos, da invenção e do
inédito.
Esta questão para nós é secundária. O que conta, antes do mais, para a
Escola, para as crianças e para os professores, não é o aspecto histórico
das técnicas e dos métodos mas sim a sua adequação às necessidades
pedagógicas.
Diremos, no entanto, que só reconhecemos um «antepassado»: é a
realização, depois da guerra de 1914-1918, pela Escola Decroly (Bélgica)
do Correio da Escola, impresso na própria escola, segundo uma fórmula
que exploramos e divulgamos. Tal filiação, de resto, não surpreenderá
ninguém que saiba tudo o que devemos ao Dr. Decroly, que foi, sob muitos
aspectos, o nosso inspirador.
Além deste precedente — que até agora continuou a ser o único —
não temos conhecimento, quer em França quer no estrangeiro, de
nenhuma experiência semelhante ao Jornal Escolar, tal como o realizamos.
Não há motivo, de resto, para se ficar surpreendido com este facto;
um Jornal Escolar do tipo Freinet pressupõe:
— Quanto ao conteúdo, o texto livre;
— Quanto à técnica de impressão, a imprensa escolar ou o mimógrafo.
Ora fomos nós que pusemos em prática e divulgamos um e outros.

Poderá dizer-se que, apesar de tudo, sempre houve jornais escolares,
mais ou menos clandestinos, nos quais os alunos davam livre curso, se
não à sua expressão espontânea, pelo menos aos seus ressentimentos
contra as limitações e a autoridade da escola.
Estes jornais não tinham evidentemente nada de escolar; eram mais
precisamente antiescolares. Fosse qual fosse a sua importância nos
processos de defesa das próprias crianças, nunca poderiam enquadrar-se
numa fórmula que se insere, a partir de agora, num método pedagógico e
que ganha, oficialmente direito de cidadania na própria escola.
Existem também jornais de escola realizados por colaboração de
professores e pais — e eventualmente por algumas crianças— para a
defesa das reivindicações do domínio do ensino. Também estes jornais
não podem ser considerados jornais escolares. Por mais preciosos que
sejam, o seu aparecimento e o seu desenvolvimento não poderiam
constituir os elementos ativos de uma nova pedagogia.
A nossa criação do jornal escolar pela imprensa escolar e a poligrafia é
realmente original. A rapidez da sua difusão é bem a prova de que
corresponde a uma necessidade do momento, que é o utensílio que se
esperava; vamos falar da sua gênese, do seu funcionamento e dos seus
objetívos.
Milhares de Jornais Escolares — método Freinet são regularmente
editados em França e no estrangeiro. A sua recolha constitui a maior e a
mais rica coleção de textos livres que existe atualmente. A sua
importância em França foi recentemente autenticada por uma lei especial
que concede aos Jornais Escolares — método Freinet a autorização de
serem transportados pela tarifa reduzida dos periódicos.
O jornal escolar constitui indubitavelmente um dos acontecimentos
característicos da nova pedagogia, francesa e internacional.


2 comentários:

  1. Bom conteúdo, gostei das informações argumentativas que me repassou uma boa expressão para o meu aprendizado e conhecimento.

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  2. Poderia ao menos indicar a fonte,já que o texto é de Cèlestin Freinet!!

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